Aprendendo literatura
A literatura tem acompanhado o ser humano, provendo-o com a ficção necessária para enfrentar os obstáculos da vida, bem como tentando responder aos seus questionamentos fundamentais. Além disso, como uma modalidade privilegiada de comunicação, possibilita a instauração do diálogo entre textos e leitores de todas as épocas. Essa permanência, por si só, legitima a escolarização da literatura, que se tornou uma disciplina regida por legislação pertinente. Na realidade um tanto conturbada do ensino médio, a literatura constitui uma modalidade de ensino engessada, de um lado, pelo vestibular, que justifica a presença da disciplina, bem como condiciona o conteúdo e a perspectiva de abordagem; e de outro, pelo fator humano – aluno e professor –cuja postura vai traduzir o interesse, o gosto e a freqüência a essa modalidade de produção cultural.
A realização dessa modalidade de trabalho pressupõe uma
investigação sobre a realidade do aluno, pois é fundamental para o
professor conhecer não só os mitos e as crenças que perpassam o ambiente
escolar, mas também a disponibilidade do jovem para encetar uma forma
de estudo que possibilite ao educando desenvolver competências e
habilidades. O conhecimento dessa realidade, oportunizando uma reflexão
sobre esse nível de ensino, proporciona uma fundamentação consistente
para a organização de projeto de ensino que contemple as necessidades do
aluno e os objetivos do professor, no sentido de promover o
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social do educando. Além disso,
transmite ao jovem a idéia de que a educação é uma construção realizada
pelo sujeito, e que uma das melhores maneiras de atingi-la é através do
desenvolvimento da atitude de pesquisador em sala de aula. Também é
fundamental a adesão do contexto escolar, a fim de propiciar não só
condições materiais como o apoio e a aceitação para a realização do
trabalho, visto que o espírito aberto constitui uma valiosa ferramenta
do sucesso. Na medida em que aluno e professor se tornarem
investigadores, e a sala de aula for vista como um laboratório,
certamente haverá uma qualificação maior dos processos de ensino e
aprendizagem e um aprimoramento mais significativo dos integrantes da
realidade educacional.
Referências
COELHO, N.N. Literatura: São Paulo: Peirópolis, 2000.
GOLDMANN, L. Sociologia do romance. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Artmed, 1999.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
ZINANI, C.J.A.; SANTOS, S.R.P. dos. Ensino da literatura: lugar do texto literário. In: ZINANI, C.J.A. et al. Transformando o ensino de língua e de literatura: análise da realidade e propostas metodológicas. Caxias do Sul, RS: Educs, 2002. arte, conhecimento e vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário